o meu está assim com o carregador da caixa.
Estranho que os carregadores nem tem pino de aterramento, então como que eles podem ter uma falha de aterramento?
Pelo pouco que entendi, é assim: suponha várias casas e indústrias que utilizem água encanada como potencial, seja para mover hélices, seja para conduzir calor, seja para carregar uma caixa d’água que depois será esvaziada de uma vez para mover uma moenda, e assim por diante. Depois que essa água encanada passar por um circuito com vários equipamentos hidráulicos (que aproveitam a força e condutividade dessa água para inúmeros processos hidráulicos), a água de todas essas casas, que perdeu força, vai parar no rio, à margem do qual essas casas e indústrias estão.
Esse exemplo não muito bem elaborado por mim é uma tentativa de exemplificar o conceito de “comum” na eletrônica: todos os circuitos, com seus vários processos eletrônicos ocorrendo por meio da conjunção de diversos componentes (capacitores (“caixa d’água” eletrônica), resistores (“aquecedor” e também um cano espiralado que faz a água demorar pra fluir pro final), indutores (Tanque Hidropneumático), transistores (carneiro hidráulico) entre outros, conduzem a energia até um destino final, que é o comum. A diferença de potencial levará a uma corrente elétrica que vai passar por esses diversos circuitos e dispositivos até chegar nesse comum.
Embora o que geralmente conhecemos por “aterramento” seja aquele terceiro pino da tomada (o pino médio que muitos acabam cortando ou não instalando), na eletrônica o aterramento refere-se, se não me engano, ao pólo negativo, como num carro: o pólo negativo da bateria está conectado direto ao chassis, enquanto o pólo positivo vai passar pelos fusíveis e depois pelos diversos componentes do veículo, como lâmpadas de farol e seta e do painel, motor de partida, motor de limpador de pára-brisas, bomba de combustível, alternador, etc. Depois que saem desses componentes, vão pro pólo negativo que está no chassis. Esse é o tal “aterramento”, um pólo firmado no chassis, como um local de despejo “comum” para todos os circuitos.
Num carro se utiliza o chassi como parte do negativo/aterramento, num celular nunca se deveria fazer isso, pois como a origem da energia para carregar ele é em corrente alternada, é um risco aos usuários o celular ter o aterramento exposto ao contato humano.
A corrente alternada é retificada e transformada para baixa tensão. Em bons carregadores existirá um trafo (transformador) com o primário 110/220V e o secundário 5V/10V alternado que então será retificado (com um full bridge rectifier por exemplo, para converter corrente alternada em contínua) e depois regulado (através de um LM317 por exemplo, que é um IC regulador de tensão) para a voltagem (geralmente 5V) que o dispositivo precisa. A existência do trafo isola o primário (corrente alternada da tomada). É em carregadores duvidosos que, por corte de gastos, utiliza-se uma série de resistores e capacitores para reduzir os 110/220V “na marra”, só que mantendo uma conexão direta com a mains (rede da tomada).
As fabricantes fazem os celulares pensando nos carregadores delas, nos carregadores de relativa boa qualidade que elas vão vender, e não nos carregadores “oliginais” que, se usados, vão levar a esse risco de choque elétrico.
Se fosse assim desktop não precisaria de pino de aterramento nas tomadas, o isolamento do trafo não é infalível.
Exatamente, de fato não é, mas se o trafo for de boa qualidade, as bobinas do primário e secundário terão um bom isolamento. Assim, a única interação entre eles será a interação eletromagnética (o primário emanando um campo eletromagnético que se extende da bobina e penetra na outra bobina, induzindo corrente no secundário conforme o campo eletromagnético primário oscila).
O pino de aterramento, o pino médio, vai conectado na carcaça do equipamento. Em fontes de alimentação de computadores desktop (já abri inúmeras para garimpar componentes como ventoinha e transistores de potência) o pino médio vai prum fio verde/amarelo que é parafusado na carcaça da fonte de alimentação, que por sua vez estará parafusada no gabinete que é metálico. Se o usuário relar na carcaça, estará relando no circuito formado com o terra da tomada que, por sua vez, estará (em instalações bem feitas) conectada a uma haste de cobre (de forma bem simplificada porque aterramento elétrico residencial involve mais coisas) enterrada no solo.