Vejo muita gente criticando o Uber (o modelo de negócios, inclua aqui 99, Cabify e similares) tanto motoristas por ganharem pouco como passageiros por ter encarecido e prestar um mal serviço.
Mas vamos olhar mais além, vocês acreditam que o serviço vai acabar em um futuro próximo? E caso aconteça, como ficaria o mercado de transportes visto que muita gente até deixou de ter carro pra confiar apenas no serviço, voltaria a ser como antes nas mão dos taxis ou imaginam um novo modelo de transportes?
A solução para cidades como São Paulo, Rio, BH, etc é investimento massivo em transporte coletivo, desestimulando, em longo prazo, o transporte individual. Isso falando em modelo de transportes, que foi o que vc citou ao final.
O modelo americano que prioriza o carro é insustentável.
O Uber (e derivados) era pra ser um quebra-galho - tenho um carro e ganho dinheiro com ele nas horas vagas. Não uma forma de ganha-pão.
Concordo contigo. Vi um vídeo esses dias criticando a forma como todas as cidades são pensadas priorizando totalmente o transporte individual em carros e punindo o pedestres e ciclistas. No futuro a evolução tem que ser o transporte público mesmo, principalmente a curtas distâncias e claro mais ciclovias.
Confesso que já pensei em diversas formas de me livrar do carro. Mas mesmo morando em uma cidade relativamente grande, Goiânia, ainda fica inviável. Já que o transporte público aqui é terrível e perigoso e meus pais moram em um sítio no interior. Pelo menos por enquanto não dá.
Qualquer cidade que preza pela qualidade de vida dos habitantes precisa pensar em priorizar duas coisas: transporte público e diminuir a necessidade de locomoção de grandes diistâncias dos habitantes.
O primeiro é óbvio o motivo. 40 pessoas dentro de um ônibus ocupam bem menos espaço do que 40 pessoas dentro de 10 carros. Fora o quesito de saúde pública (poluição sonora, ar, acidentes).
O segundo também deveria ser óbvio. Quanto menos as pessoas tiverem que se locomover grandes distâncias, menos necessário será ter carros circulando. Pra conseguir diminuir essa necessidade, o ideal é a cidade ter tudo perto (casas perto do comércio e do local de trabalho). Deixar a maior parte das coisas a uma distância que dê pra percorrer a pé ou com uma bicicleta em poucos minutos.
“Ah mas a chuva!”
“Ah mas carregar compras!”
“Ah mas…”
Se as distâncias são pequenas, chuva deixa de ser um problema tão grande (a não ser que seja chuva torrencial, mas daí até mesmo carro não aguenta). Carregar compras também deixa de ser um problema porque você diminui a necessidade de fazer compras grandes em uma única viagem (a não ser em casos de hiperinflação, mas daí o problema é outro, não do transporte).
Deixa os carros pra uso urbano pra quem realmente precisa (principalmente pessoas com mobilidade reduzida, o que inclui os mais velhos e pessoas com deficiência física ou alguma condição de saúde).
A cidade deveria ser feita para as pessoas, não para os carros.
Perfeita sua citação. A gente olha cidades hoje, mesmo as ditas planejadas, são somente ruas largas com várias faixas, mas nada de ciclovia em tudo que é canto e zonas comerciais, saúde, escolas mais próximas das pessoas.
O Uber vem avacalhando o preço das corridas, ao menos para mim, corridas que o app de Taxi daqui da cidade faz por 15 reais (horário de pico), o Uber estava cobrando 51 reais… resultado? To usando mais o app do taxi. hahaha
A qualidade do Uber vem caindo e muito, deve ser a quarta ou quinta vez que eu pego um Uber com algum problema mais sério: desde parabrisa trincado^3, cinto de segurança ruim, batido na porta…
Mas acho que acabar, acabar não vai. O pessoal vai começar à voltar para emprego formal, as tarifas do uber vão subir por falta de carro e o pessoal vai começar à dar prioridade pra taxi…
Passageiro sempre vai reclamar que tá caro pq não tem noção de quanto custa manter um carro, só ver que uber começou como um serviço premiun em alternativa ao taxi mas logo virou uma baderna com montes de promoção e formas de paga menos pra atrair os clientes que achavam ele caro antes.
Maioria dos lugares nem tem onde estacionar uma bicicleta, que tu poderia usar pra distancias curtas mesmo sem uma ciclovia. Moro no interior, e incrivelmente os pontos de prender bicicleta que tinham nos comércios sumiram na ultima década, só tem espaço para carro.
Verticalização inteligente não é ruim, o que não pode é um prédio colado no outro (só olhar o centro de varias capitais que os prédios formam paredões), agora se permitirem 1 ou 2 enormes prédios por quadra e uma boa distancia entre um e outro, tu consegue uma boa densidade sem abafar a cidade, pois vai ter sol e circular o ar entre os prédios. Junto com isso tem de garantir linhas de ônibus e metrô bem localizadas para esses prédios, inclusive deveriam pensar em projetos de transporte publico integrado a esses prédios antes de liberarem a sua construção.
Er…
Na verdade não.
É possível adensar sem verticalizar, em escala mais humana. Barcelona, por exemplo. Houston é outro exemplo de cidade com menos restrições.
Na verdade o conceito de urbanismo hoje é de eliminar afastamentos. Isso vinha da teoria dos miasmas, que já caiu por terra há séculos.
O que não dá é ter um bairro horizontal como Jardins em São Paulo, no metro quadrado mais caro do país, pra benefício de poucos, enquanto quem não tem condições vai morar em áreas de mananciais, que deveriam ser protegidas.
Os corredores de ônibus e metrô em São Paulo já têm benefícios para maior ocupação.
Mas o custo da terra é alto (especulação). Daí surgiram as bizarrices dos studios (kitnet).
A solução é macroeconômica. Os índices de emprego precisam voltar a bons patamares. Hoje o Uber é fonte de renda principal para uma massa de ex trabalhadores com carteira assinada,quando não deveria. Sem melhora da economia,não vai ser possível ter equilíbrio no modelo e o negócio é afetado como um todo. Para além disso,não consigo vislumbrar uma mudança na matriz de transportes nas grandes cidades do Brasil no curto-médio prazo. Existe falta de interesse de autoridades municipais ( se beneficiam do lobby das empresas de ônibus ) e existe tbm a questão de que o brasileiro ainda visualiza o carro como sinônimo de status.Pegar um metrô representa algo muito aviltante para a maioria da classe média/rica desse país.
Falando de forma bem leiga - cidades com menos zoneamentos exclusivamente residenciais. Esse modelo à lá SimCity não funciona e faz com que as pessoas dependam do carro ou tenham que fazer trajetos muito longos, seja a pé, de carro ou qualquer transporte coletivo. Não gera economia de escala.
Hoje o novo urbanismo preconiza usos mistos - residencial/comercial, de forma que vc possa ter alguma qualidade de vida, sem ter q se deslocar demais pra “ir à padaria”, por exemplo.
Infraestrutura viária, metrô, energia, água/esgoto é caro. Pra isso, é preciso ter economia de escala - mais gente pagando pra usar aquele metrô, ou aquela linha de ônibus. Com isso, tende a ser menos oneroso pra todos.
Esse conceito de subúrbios (como os americanos) ou de condomínios fechados (como acontece no Brasil) só ajuda a segregar quem pode morar melhor, deixando uma parcela enorme da população morando muito longe do trabalho, dependendo de transporte (muitas vezes carro, por não haver transporte coletivo).
Enfim, planejamento urbano é algo muito complexo pra escrever em poucas linhas aqui.
Mas pode perguntar o que quiser, e eu tento ajudar/responder…
Pelo que eu olhei por cima Houton sofre desse problema do suburbio como boa parte das cidades americanas.
Barcelona já parece mais integrado como tu falou, e eles tem uns prédios interessantes que ele fecha toda a a quadra mas tem o miolo vazio, assim propiciando um ambiente arejado aos apartamentos internos.
Brasil cresceu durante muito tempo sem planejamento, criou ambientes insustentáveis, tanto das pessoas morarem muito longe do trabalho (aqui poderíamos pensar em linhas de transporte expresso para minimizar o problema, o Japão adotou essa saída) como de áreas da cidades com prédios grandes e ruas estreitas, gerando um transito e mesmo deslocamento a pé muito complicados.
Da uma olhada no centro de Porto Alegre, a relação de altura dos prédios e largura das ruas, é de chorar, é horrível de acessar o centro da cidade.
Houston é um caso clássico de urbanismo.
Nos anos 70 vc tinha quadras e mais quadras nas áreas centrais mais valorizadas da cidade, ocupadas por estacionamentos, fazendo as pessoas se deslocarem quilômetros, do subúrbio até o centro.
Mais tarde, a cidade aboliu o zoneamento, mantendo a organização da cidade através do que seria o nosso código de obras, de forma a evitar bizarrices, como uma indústria do lado da sua casa, mas permitindo um uso mais diversificado, de forma a permitir que as pessoas se deslocassem menos.
Só q não se muda a realidade (ainda mais a americana, totalmente rodoviarista) da noite para o dia. Considere que qualquer miserável lá consegue ter um carro, diferente daqui, onde as pessoas precisam se sujeitar a transportes coletivos de baixíssima qualidade.
Fato é que no Brasil as leis de uso e ocupação do solo acabam gerando o espraiamento da cidade, aumentando as distâncias de deslocamento das pessoas.
Ainda q vc tenha centros secundários dentro de uma mesma cidade, nada te garante q vc vai arrumar um emprego no mesmo bairro q vc mora.
Mas o caso mais grave diz respeito ao déficit habitacional q temos aqui. Ao invés de fomentar a ocupação nos centros, permitindo que as pessoas morem em área com boa infraestrutura, as nossas leis forçam as pessoas a morarem cada vez mais longe, pelo custo da terra e pelas próprias restrições.
Aí, os mais carentes começam a morar em encostas, em áreas de proteção ambiental, locais que deveriam ser sem ocupação, por motivos óbvios (vide chuvas em MG essa semana). E acabam morando no centro quem tem condições financeiras, que é uma parcela menor da população.
As cidades precisam ser acessíveis para todos. Não somente pra alguns que podem ter carro ou podem se dar ao luxo de trabalhar em casa.
Minha opinião sobre o Uber
Eu acho que eles devem/deveriam selecionar melhor os motoristas. Hoje aconteceu um fato que me deixou indignado com esse tipo de transporte. O motorista chega e cancela a corrida na cara de pau. Tipo, meu pai chamou a primeira vez um motorista apareceu só que ele cancelou. Chamou a 2 vez apareceu outro. O cara cancelou quando estava na rua. E finalmente um da 99 aceitou e o carro desse motorista parecia de playboy. Insufilme no último adesivo religioso.