Primeiro CEO que vejo fazendo propaganda reversa do seu próprio produto, estimulando as pessoas a não usar
rastrear os usuários e vender anúncios hiperpersonalizados.
Imagina quando comprarem o Chrome e fizerem a festa. Porque é isso que vão fazer se conseguirem.
Teriamos uma migração com força total pro Firefox? O cerco tá fechando
AVISO: TEXTO GRANDE PRA C*****
Eu vejo esse movimento da Perplexity com o lançamento de um navegador que promete rastrear tudo que você faz como mais do mesmo, só que de forma ainda mais agressiva. Vamos ser sinceros, todo navegador já coleta dados de alguma forma para melhorar a experiência do usuário e personalizar anúncios. O Chrome, o Edge, e outros navegadores já fazem isso, mesmo que de maneiras um pouco mais discretas. Eles usam essas informações para oferecer anúncios personalizados ou melhorar seus produtos. Mas é claro que, ao mesmo tempo, nós estamos pagando o preço da nossa privacidade por isso.
Agora, o que a Perplexity está fazendo é colocar esse rastreamento em primeiro plano. Eles estão explícitos sobre isso. Ao integrar inteligência artificial diretamente no navegador e usar todos os dados para criar anúncios hiperpersonalizados, eles estão dizendo: “Nós sabemos o que você está fazendo, onde você está indo e o que você está pensando”. Parece que o modelo de negócios deles é vender publicidade personalizada como produto e, nesse caso, eles estão sendo bem claros sobre o que fazem com seus dados.
É irônico porque, na prática, não há como escapar disso. Quem não está sendo rastreado em algum nível hoje? Por mais que você use o “Modo Anônimo” ou ajuste as configurações de privacidade, os dados ainda são coletados. A diferença é que a Perplexity vai fazer isso de forma ainda mais intensiva e transparente, com a IA maximizando a personalização e o controle sobre seus hábitos.
No fim, o grande dilema aqui é a escolha de quem vai ter acesso ao que você faz online. Google? Microsoft? Perplexity? Em qualquer caso, a resposta é: você está sendo rastreado, e os dados gerados servem para um único objetivo: monetizar. Se você vai ser “vigiado”, ao menos escolha quem você quer que faça isso, não é?
E eu diria que não há como confiar 100% em nenhuma dessas plataformas para não rastrear seus dados, mesmo que prometam. Porque, no final das contas, dados são dinheiro, e sem dados, não há negócio. Por isso, qualquer navegador ou plataforma que ofereça algo “grátis” ou com funcionalidades avançadas geralmente está cobrando com o preço da privacidade. A Perplexity só está sendo mais transparente sobre isso.
anúncios hiperpersonalizados
Tai um termo que eu não conhecia, esperava que não houve necessidade de ser criado, e vai me fazer ficar longe de qualquer produto a ele associado.
Acredite. Seu texto é pequeno, perto de outros que já vi por aqui…
Eu já ia até preparar o botão de denúncia achando que era troll, mas era um texto de verdade hahahaha
Assim que for vendido, estarei indo pro Firefox.
Mas do jeito que anda a humanidade, é capaz do marketing reverso funcionar de forma igualmente reversa, também: a quantidade de pessoas que vão reagir com um “Nossa, que legal, um navegador que monitora e controla minha vida, vou baixar logo” excede aquilo que filmes como Don’t Look Up e Idiocracy previam.
Então ele vai fazer o que o Google já faz com o Chrome e o Facebook faz em suas redes próprias?! Uau!
Como um participante do Tecnoblog que está acostumado a escrever textos na ordem dos Kilobytes, te digo: seu texto está longe de ser longo. Observe como essa minha resposta provará isso (“Hold my beer”). rs
Não necessariamente só pra anúncios ou produtos.
O LibreWolf, por exemplo, é um fork do Firefox com toda telemetria e bugiganga da Mozilla removidas. Não tem anúncio nenhum, nem IA, nem nada. Porém, não dá pra dizer que o LibreWolf não coleta informações, porque “coleta” sim: histórico de navegação, cookies, LocalStorage e SessionStorage, IndexedDB, configurações e flags.
Coleta no sentido de que armazena essas informações internamente (em arquivos SQLite na pasta do perfil em uso) para minimamente funcionar.
Diferentemente de outros (inclusive do Brave que é outro navegador geralmente usado para bloquear anúncios), o LibreWolf não usa essas informações para coisas que o usuário não queira. Na realidade, o LibreWolf é até meio chato quando o RFP (Resist Finger Printing) está ativo pois impede de ele mesmo usar informações do usuário, o que atrapalha muita funcionalidade de sites, funcionalidades essas que tem tanto usos legítimos quanto não-legítimos (por exemplo: o RFP ativa um recurso chamado “Canvas Fingerprinting”, que por sua vez boicota o uso de HTMLCanvasElement para criar uma assinatura única do navegador, mas também acaba atrapalhando o uso do mesmo HTMLCanvasElement para lidar com upload de imagens que está sendo feito pelo próprio usuário).
Supostamente a Mozilla tem uma modalidade de anúncio “anonimizada” via Anonym, uma plataforma de anúncios que a Mozilla adquiriu. Mas é aquela coisa: até que ponto realmente esses “anúncios anonimizados” são realmente anônimos? Para o anunciante, não faz sentido anunciar, por exemplo, escola de aviação para um idoso deficiente visual que trabalha com abertura de poços artesianos, nem cursos de programação em Assembly x86 para um advogado que está pensando em uma futura carreira de juíz.
Porém, mesmo as propagandas que supostamente satisfazem os traços únicos daquela pessoa que está vendo o anúncio (por exemplo, eu receber anúncios de escolas iniciáticas ou lojas de artigos esotéricos) não significa que necessariamente o anúncio vai satisfazer a pessoa. Então anúncios direcionados não significam anúncios eficazes.
O que de certa forma é até louvável por parte deles, confessando abertamente a espionagem que pretendem fazer, confessando “somos espiões mesmo”. Por outro lado, mostra a audácia de como os principais nomes das BIg Techs estão despreocupadamente “amostradinhos”, porque têm sido empoderados por Estados e pela própria sociedade num tecnofeudalismo quase que inescapável, portanto não nos temem mais como força social, pois sabem que nós como sociedade dificilmente sairemos da comodidade para um boicote massivo.
Que é meramente pra não registrar no histórico do próprio computador, mas que deixa bem claro ao usuário que trata-se disso apenas: uma sessão que não constará no próprio histórico.
O problema é que isso é o típico “Problema XY”: o problema levantado pela Escolha de Sofia emerge da necessidade não escolhida de participar de um meio digital em primeiro lugar. Em outras palavras: temos de escolher entre Google, Microsoft, Meta/Facebook, Perplexity, OpenAi… Mas não podemos escolher não ter um smartphone nem computador, porque a sociedade nos obriga a tal.
Nem 100%, nem 0,0000…001%.
Aqui geralmente lembro às pessoas que existe algo fora dessa dicotomia “pago com dinheiro vs. pago com privacidade”: os modelos baseados em doação e voluntariado. Wikipedia, por exemplo, não é uma plataforma paga, nem é uma plataforma que tem banners de anúncios (exceto os de campanhas de doação ou de campanhas culturais humanitárias), portanto também não cobra o preço da privacidade. Pessoal geralmente argumenta que “doação não se sustenta em longo prazo”, mas esquecem que a Wikipedia Foundation existe desde 2001 até hoje, sendo um dos sites mais acessados e conhecidos da Web, e portanto lidando com incontáveis requisições por dia. E estão lá, sob modelo de doação, e doa quem quer, e quem não quer continua tendo acesso irrestrito.
Um navegador é até mais fácil, porque não precisa hospedar quase nada, exceto o repositório do código-fonte (se tiver) via um software forge (GitHub, BitBucket, GitLab, Gitea, Codeberg, etc) e os binários de instalação (que exigirão, no máximo, centenas de Megabytes; não GBs ou TBs mas MBs). Os serviços online (como sincronia, modelos de IA) já meio que existem (no caso do Perplexity, seriam respectivamente o cadastro de usuário e os modelos que estão disponíveis no site), então o mesmo custo para usuários do “Perplexity Browser” seria o custo para usuários do website Perplexity que estejam acessando por um Microsoft Edge ou por um LibreWolf.
Pode ter ctz, se o Chrome for vendido pra eles, o Firefox volta com tudo no Android/Windows, e o Safari retoma o domínio no MacOS/iOS/iPadOS, ja que tanto o Safari quanto o Firefox, tem como princípios de suas empresas a privacidade, e são os únicos grandes navegadores, que não são simplesmente uma “skin do Chromium” (Firefox usa o motor Gecko, e o Safari usa o WebKit)!
E eu aqui usando Rize, monitorando tudo a todo tempo, e ao mesmo tempo uso Safari.
Mais fácil migrarem pra outro navegador com Chromium. Firefox já tá no bico do corvo faz tempo.
Agora, se a Perplexity fechar o código do Chromium… Aí vai ser um deus nos acuda.
Já funciona, mais do que que quero admitir, visto que eu mesmo vivo sendo fisgado pelo doce sabor da comodidade, e comodidade é uma baita de um ópio.
Ao menos aprecio essa transparência da Perplexity, mesmo que tal transparência soe como um óbvio “eu quero ser mais um lorde dentro do iminente ‘corpefeudalismo’, e você só tá contando os dias pra ser nosso servo”.
Assim que vendido…partiu Opera.
Detalhe…tá um navegador bonito, funcional e não deixa nada a desejar para o chrome!
Meu pitaco: essa “sinceridade” do CEO na verdade mira os investidores, e não nós reles mortais.
TODO CEO mira nos investidores. A opinião do cliente não importa enquanto ele continuar comprando.
Isso pode acontecer?
Pera aí, o código aberto de algo pode ser fechado??
A licença GNU num existe exatamente para impedir que isso ocorra?