Se na minha época eu tivesse a mente tão fraca assim, podia ser que eu nem estivesse hoje aqui.
Se for uma frustração ao esforço utilizado para fazer um trabalho não valorizado, até vá lá, mas para qualquer coisinha colocada lá.
Eu sou meio-termo de geração. Sou adepto da tecnologia, mas vivi a época de orkut e msn. Não sinto os efeitos de dependência social como os jovens usuários que já cresceram com instagram. Mas que hoje com o mundo 100% conectado com whatsapp e tudo eu sinto bem mais ansiedade.
Pulo trechos de vídeos, áudio só em 2x pulando, fico impaciente com conversas ineficientes, até entregas de mercadoria pago mais caro para entregarem em um prazo menor…
Portanto, tenho compreensão que o problema não é só da geração, mas importante também como o mundo da geração da IA molda nosso comportamento.
Que merd@ de geração é essa? Tenho o maior cuidado com meu filho, de 14 anos. Não quero que ele cresça sendo um fracassado bunda mole igual a tantos por aí.
Se vou acertar, só o tempo dirá…
Parafraseando o @Dicaprio123, eu também:
Algumas classificações geracionais trazem a microgeração Zennial, que são aqueles que nasceram na transição entre os Milennials e a Geração Z. Eu seria Zennial nesta classificação.
Tenho um grave problema com humor e saúde mental: ansiedade, depressão, burnout, stress, bipolaridade, essas coisas todas. Mas elas não advém de poucas “curtidas” em redes sociais, até porque não tenho nenhuma rede grande o suficiente para ter um alcance (já tive mas hoje não tenho mais: Facebook, X/Twitter, Telegram, Instagram, Tiktok, Kwai, Youtube, Tinder, entre outros) e as redes das quais hoje participo são redes onde não existe o conceito de “engajamento” (Mastodon, Lemmy, até mesmo aqui).
Esses problemas de ordem mental advém, no meu caso, de algo mais profundo, embora eu noto que, no fundo, isso também é um fator na “juventude adulta” de hoje (aqueles que vieram depois dos Boomers e dos GenX, de 1985 em diante se não me engano): crise existencial.
Vale a pena ler minha explicação a seguir.
Antigamente, comprava-se um terreno inteiro com galinhas podeiras. Conheço um senhor que comprou a chácara dele dando em troca uma caminhonete antiga. Centros urbanos eram pequenas vilas e vilarejos. Antes do rádio, a notícia chegava devagar quase parando, pois só havia jornal com notícia atrasada. As pessoas se socializavam mais.
Com o rádio, a ansiedade começava a surgir. A informação começou a vir quase que em tempo-real. Um experimento de Orson Welles mostrou exatamente tal ansiedade quando, em 1938, transmitiu “Guerra dos Mundos”. Pessoas correram nas ruas com medo de supostos ETs, pessoas ligando desesperadas para emergência, possivelmente ocorreram até suicídios. Depois de toda a repercussão, Welles disse o seguinte à época:
Estávamos cansados da forma como tudo que vinha através dessa nova caixa mágica, o rádio, estava sendo engolido. As pessoas, você sabe, desconfiam do que leem nos jornais e do que as pessoas falam à elas, mas quando o rádio veio, e eu suponho que agora a televisão, tudo que vem por essa nova máquina é acreditado. Então, de certa forma, nossa transmissão foi um ataque à credibilidade desta máquina. (Orson Welles)
E por que as pessoas acreditavam nessa “caixa mágica”? Porque, para nossa percepção humana, é como se outro humano estivesse “ali”. O rádio foi a primeira forma de “teleportar” uma pessoa para o meio de uma sala de estar, porque as letras de um jornal não têm o mesmo efeito. Depois veio a televisão, que aumentou ainda mais essa percepção de “presença humana”, e então a Internet. Gerações inteiras cresceram com o novo aparelho chamado rádio (e depois a TV), e as gerações dessas gerações, e cresceram totalmente acostumadas com aquela falsa presença. E hoje, principalmente pós COVID, ficamos ainda acostumados com atividades humanas remotas, sobretudo em grandes cidades.
Essa é a realidade hoje. Em São Paulo, um breve embarque pelo Metrô permite ver quase todo mundo grudado na tela dos seus celulares. Casais que ainda existem trocando mensagens em mesas de restaurante sendo que estão frente a frente no mundo físico. Relações humanas esfriaram (comparado ao que era na época do rádio), tudo encareceu, a tecnologia se tornou invasiva na vida das pessoas a ponto de praticamente ser obrigatória. Então você é obrigado a “se virar” para “ser alguém” em um mar de avatares e bots, porque é o único mundo “real” que muitos conseguem ter contato. Os avós compraram uma chácara com galinhas, e hoje o jovem descobre que, quanto mais ele guarda, mais aquilo que ele pretende comprar encarece, e só sobra o alugar uma pequena cela humana chamada “apartamento”.
Há vários outros fatores que eu poderia mencionar, mas meu comentário está longo. As mudanças climáticas estão aí, e vão piorar com o passar dos anos. A economia está pra estourar em algum momento futuro, devido a coisas como IA e geopolítica. A tradicional “família” dos bisavós, com homem e mulher e filhos, está encontrando um muro intransponível nas gerações mais novas: não vou ter filho sabendo que o mundo se tornará inabitável (se é que houvesse alguma possibilidade de ter filho, porque filho depende de um relacionamento duradouro, algo que também está difícil hoje em dia). Aí os “adultos mais velhos” chamam tudo isso de “frescura”. É, deve ser mesmo frescura, “frescura” de uma geração “fraca” que foi condenada a nascer em um mundo onde 50°C-60°C (metade pra cima da temperatura de ebulição da água) será o novo normal em breve.
Não estou dizendo que a vida era fácil no passado, mas pelo menos no passado o clima não era tão catastrófico e as relações humanas eram mais próximas e duradouras, por exemplo.
Que erro o Instagram ter caído nas mãos do marciano Zuckerberg
Além dos assuntos/ publicações fúteis, virou uma 25 de março dos “influenciadores” de nenhuma.
Lhe entendo amigo.
Não sou tão velho, pelo menos eu acho 36
Mais o que eu sofri, foi algo mais físico. Essas relações pessoais citas, muitas vezes eu preferia não ter tido. Entendo o que você disse e de algum modo ou coisa também sofro (talvez por motivo diverso, mais também passo. Todos passam)
Por isso que coloquei no meu comentário, que essa alegria advinda da rede social (ou depressão) é pra mim algo contornável com a realidade, que por mais que seja sofrida, muita coisa depende de você para mudar.
A universidade afirma que este estudo é o primeiro do tipo a usar dados reais das redes para avaliar o impacto de curtidas no comportamento dos usuários.
… Ela avaliou que a pesquisa foi bem sucedida pela quantidade de likes que recebeu.
Hahaha que belo textao kkk…compartilho de muitos dos seus problemas descritos aí em cima e da maldita crise existencial,e uma variação de humor fodida,que muda ao sabor do vento dependendo das circunstâncias ao redor,em questão de segundos,além da preocupação com um filho adolescente de 17 anos que qd eu viajo (sou motorista carreteiro), não obedece a mãe e vive como se fosse um adulto independente…acho que minei demais o FDP e agora a mãe e eu estamos pagando o preço.A melhor coisa q vc pode fazer é não ter um filho,esse mundo tá cada vez mais complicado para se ter filhos.E eu pensava que era pessimista e vejo que vc é pessimista elevado ao quadrado kkk.Eu mesmo já até perdi o medo de morrer e a fé nas pessoas,devido ao que vejo colegas de profissão fazendo nas estradas,a quantidade de lixo q vejo em muitos locais em que carrego e descarrego,e até mesmo em lugares inóspitos em beira de estrada qd vc quebra ou para fazer alguma necessidade,e isso pq só estou dando exemplo na área em que atuo,que é logística e transportes…
Eu uso as tais redes para divulgar (ainda, por enquanto), meu trabalho de audiovisual, e me frustra demais não ter engajamento por culpa da rede. Não é algo banal como da grande maioria dos jovens que gerou uma espécie de dependência digital
Mas uma coisa que notei, e tenho certeza que muitos já notaram, a rede está sendo dominada por influencers de todos os nichos. Se não seguir esse caminho, já era.
Ninguém quer ver apenas uma foto ou um vídeo qualquer. Tem que ser algo rápido e até então descartável. E o froids é perder um dia inteiro de edição para criar um vídeo descartável de 10 segundos que não vai ter engajamento
Tanto que estou pensando em parar e ficar só com meus videogames e deixar a feira só pros Gen Z e os millenials mesmo.
Tudo se resume ao rádio e ao que veio depois.
As pessoas costumam ser muito susceptíveis em relação às opiniões dos outros.
Uma coisa que aprendi é ignorar esses ruídos.
Não que eu seja auto suficiente ou dono da verdade, mas tento não me deixar influenciar por opiniões.
E aprender isso foi muito duro porque às vezes as opiniões são de pessoas que vc ama, e é difícil ignorar.
Hoje tento ser pragmático.
Exemplo: dizem que a economia não anda bem. Economia boa ou ruim, continuo fazendo o meu trabalho e gerenciando meu tempo e finanças.
E faço isso desde o início qd era só assistente.
A frescura que vc cita muitas vezes é não parar, sentar e racionalizar. Não é fácil nem simples, principalmente se vc já tem algum distúrbio como depressão.
Só sinto falta mesmo da convivência e de um sentimento de cooperação que não existe mais. Todo mundo correndo atrás do seu, sem tempo.
Embora existam muitos nichos, essas plataformas dão mais visibilidade a conteúdos que não aceitam pensamento crítico, um pouco pelo algoritmo, um pouco pelo desinteresse das próprias pessoas.
Quando ainda tinha TikTok, eu produzia vídeos reflexivos com niilismo, Memento mori, ocultismo e esoterismo. Bem nichado, mas que tentava destinar ao geral. Alguns tinham alcance no máximo batendo 5000 views, de resto não passavam de 300. O único vídeo que bateu mais de 30 mil views foi quando resolvi comentar algo político que estava na mídia, mas eu evitava.
Fazia por um propósito pessoal de expressão catártica, cuja utilidade era também “despertar” pessoas. Me contentava era ver comentários de quem viu: quanto mais bem profundos e articulados, melhor (apesar do limite de caracteres não permitir textões como esses meus aqui), pois significava que a pessoa tinha assistido e estava refletindo junto. Até que um dia finalmente decidi sair de lá, excluí minha conta.
Tem vários documentários do Derren Brown (como “O empurrão”) ilutrando como o humano, ainda que inconscientemente, é facilmente influenciável pela massa social ao redor. É algo que vem desde a infância: até por sobrevivência, a criança imita, então a criança se torna uma esponja, absorvendo todo quanto é tipo de comportamento que observa, princiipalmente nos adultos. Mesmo depois da completa formação do Córtex Pré-Frontal na pós-adolescência, nós humanos continuamos sendo “esponjas” do comportamento alheio, embora talvez de forma mais crítica.
Esse doc em particular, O Empurrão, tem uma cena interessante: uma sala com 10 cadeiras, pessoas respondendo a um questionário. Um sino toca, a maioria senta ou levanta. No início, são 9 atores (portanto, combinados com Derren Brown) e apenas um não sabe do que foi combinado. Ao observar “todo mundo” levantando ou sentando ao tocar do sino, essa pessoa eventualmente passa a fazer o mesmo! Então, Derren tira um ator e bota outro não-ator, até que não há mais nenhum ator, porém todos estão agindo da mesma forma: um compliance social que foi passado por pessoas que nem estão mais entre eles.
E meio que isso é o nosso mundo, com símbolos (palavras e frases) e comportamentos que nos foram deixados e que usamos mesmo sem saber o propósito. Exemplo: quantos, mesmo ateus, não dizem Nossa! quando “Nossa” vem de “Nossa Senhora”, do catolicismo? Não é porque a pessoa crê em Nossa Senhora, é porque a pessoa absorveu essa expressão idiomática que veio de uma sociedade religiosa. Ou a despedida “Tchau”, que vem do italiano “ciao”, que vem do Venetiano “s-ciao” que significa “escravo”? Falar “tchau” é referir-se à si ou ao próximo como “escravo” ou algo do tipo, ainda que o sentido se perdeu ao longo do tempo, mas está na origem do termo.
No fundo, infelizmente acabamos, querendo nós ou não, suscetíveis à sociedade. Temos um primata dormente em cada um de nós, que dependia da tribo para sobreviver perante os predatores e demais riscos da Natureza. O hominídeo, sobrevivendo em cavernas, evoluiu para mandar foguetes pro espaço ou dirigir carros, mas essa evolução reforçou no Homo sapiens seus instintos animalescos de replicar os demais indivíduos de sua espécie.
Eu sou impactado pelo engajamento das minhas publicações também, mas financeiramente, não emocionalmente
Mas sabe o problema que eu vejo? Tem muito perfil aí (no YouTube, Instagram, TikTok) que o conteúdo é completa ou quase completamente descartável. E os tais jovens consumidores de conteúdo seguem e dão engajamento pra esses perfis. O donos, criadores de conteúdo, vão pra Disney, Europa e confins do mundo com o dinheiro que recebem do engajamento. E aí, os jovens consumidores se espelham e ao menos tentam copiá-los, mas nunca conseguirão riscar uma fatia de engajamento que os criadores tem. E aí ficam tristes, angustiados, ansiosos, depressivos.
Tá pra nascer um novo Karl Marx, não no que diz respeito à economia, mas da inclusão digital, que traz a “consciência de classe influencer”. Enquanto os consumidores não se derem conta de que eles dão dinheiro, indiretamente, pra gente besta viajar e ostentar nas redes, fazendo eles mesmos ficarem tristes, o ciclo não irá acabar.
No mais, termino: