Se fosse para escolher UM, qual você escolheria para assinar?
Continuando a discussão de Qual jornal (online) mais imparcial (não precisa ser 100%, difícil) que você acompanha diariamente no Brasil e/ou Mundo?:
Se fosse para escolher UM, qual você escolheria para assinar?
Continuando a discussão de Qual jornal (online) mais imparcial (não precisa ser 100%, difícil) que você acompanha diariamente no Brasil e/ou Mundo?:
And, eu escolheria a Folha de São Paulo . Não acompanho o Estado de São Paulo.
tem algum motivo específico?
Olá meu amigo Anderson Madeira.
É a minha preferência pessoal. Não pretendo ser assinante de nenhum dos dois jornais, mas, como eu disse, eu acesso mais a Folha de São Paulo do que o Estado de São Paulo.
Leria um, depois leria outro.
Não é questão de preferência; é uma métrica que tenho de tentar ler de tudo um pouco, independente do viés.
Por ambos serem paywalled, nenhum dos dois.
Limitar o acesso à informação àqueles que têm condições de pagar por ela é separar as pessoas em castas: privilegiados acima de pessoas mantidas no breu da desinformação, para as quais “míseros” reais podem ser uma “escolha de Sofia” entre pagar pela informação ou pagar por um prato de comida.
Não é questão de ideologia política, é questão de humanidade, é questão de reconhecer essa realidade que vai do Oiapoque ao Chuí. Apesar de eu estar desempregado atualmente (e sem muita esperança de voltar ao tal do “mercado de trabalho”), essa realidade não é o meu caso, mas milhões de brasileiros vivem essa realidade, onde têm um smartphone low-end que usam no wi-fi do vizinho ou no wi-fi público da praça da cidade, e 2 reais é o que (malemá) vai pagar-lhes a única refeição do dia, e usá-lo para “assinar a oferta de R$ 1,90 mensais por seis meses” é deixar de comer (ou deixar de alimentar suas crianças) pra poder ter acesso à informação.
Em tempos de desinformação e fake news, essa discriminação se torna ainda mais grave. É uma enorme hipocrisia desses jornais quando dizem lutar contra as fake news (como “Estadão Verifica”) mas prendem a informação. Aliás, como imagens valem mais que mil palavras, deixo aqui uma “obra prima” de hipocrisia:
Algo similar acontece com o campo científico, onde Arxiv e ResearchGate exigem até “conta de universidade” para acessar estudos. Daí quando desinformações como “a serra é da Dona Ana e melancias causam astigmatismo” chegam ao Seu Joaquim de Simonésia - MG, as instituições criticam o Seu Joaquim, mas nada fazem para permitir ao Seu Joaquim a verdadeira informação irrestrita.
O jornalista e o cientista precisam receber por seu trabalho? Sem dúvidas, e aí onde entram (ou deveriam entrar) iniciativas públicas (governos), não-governamentais (ONGs e instituições) e/ou mutualismo/horizontalidade (negócios sem fins lucrativos baseados em doações, por exemplo) para financiar esse acesso à informação e permitir que todas as pessoas, sem exceção (no caso do Brasil, eu poderia inclusive citar o Artigo 5 da C.F.) tenham acesso irrestrito à informação. Afinal, a Web foi originalmente criada pensando nesse sentido, e aqui cito palavras de Tim Berners-Lee, o criador da World Wide Web:
O fato de estarmos todos conectados, o fato de termos esse espaço de informação — muda os parâmetros. Muda a maneira como as pessoas vivem e trabalham. Muda as coisas para o bem e para o mal. Mas acho que, em geral, está claro que a maioria das coisas ruins vem de mal-entendidos, e a comunicação é geralmente a maneira de resolver mal-entendidos — e a Web é uma forma de comunicação — então, geralmente, deve ser boa. […] Precisamos olhar para toda a sociedade e pensar: “Estamos realmente pensando sobre o que estamos fazendo à medida que avançamos e estamos preservando os valores realmente importantes que temos na sociedade? Estamos mantendo-a democrática, aberta e assim por diante?”
(Tradução a partir da fonte Tim Berners-Lee - Wikiquote)
Fechar a informação atrás de assinaturas (e/ou de anúncios potencialmente perigosos àqueles que são mais humildes, como bets, phishing, malwares, etc) não é uma Web democrática, não é sequer uma Web (uma “teia”).
Vale a pena mencionar, como forma de provar que isso está longe de ser “utopia”, como o Fediverso (Lemmy, Mastodon, Pleroma, etc) e a small Web (Geminispace, Gopherspace, blogosfera, tildeverse, Webrings, entre outros), além da Web baseada em doações (tais como Wikipedia e certos jornais sem fins lucrativos como Propublica) e sites institucionais (como NASA, NOAA, ESA, e aqui no Brasil temos o Observatório Naciional, IBGE, entre outros) conseguem distribuir a informação sem preços que separam pessoas em castas, e sem violar a privacidade do usuário com anúncios potencialmente perigosos (Bets, phishing, malwares, etc).
Então, em resumo: enquanto praticarem a divisão da sociedade em castas “assinantes” vs “não-assinantes”, nenhum dos dois.
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