Produção de iPhones na China é interrompida e Apple busca alternativas

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Não deve acontecer grandes problemas de oferta desta geração, até porque a demanda em eletrônicos em geral começa a cair. A grande questão é que se estender além de maio, os futuros lançamentos da empresa vão subir no telhado! Eu sempre falei por aqui, o grande problema da Apple é no momento insistir na visão Cook, ou seja, centralizar tudo para ganhar escala e melhores preços/prazos. Isso já foi muito válido, com a pandemia e guerra na ucrânia, depender toda sua produão de locais centraliados é uma imbecilidade!!

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só tem um “pequeno” problema, toda a produção mundial de semicondutores e eletrônicos encontra se na região do países dos tigres asiáticos.

Uma comparação sem sentido, mas que dá para entender o tamanho do problema, é como tentar tirar a floresta amazônica da América do Sul e tentar levar para outra região.

Dá para tirar a produção de semicondutores da Ásia, mas isso vai levar tempo, muito dinheiro e vai precisar de uma boa ajuda do governo.

O governo americano atual viu o tamanho do problema e está tentando convencer o congresso americano em liberar muito dinheiro e trazer uma parte da produção de chips de volta para os EUA.

O problema na verdade está mais nos Estados Unidos como polo de produção, e esse deve ser um dos grandes motivos pelo qual boa parte das big techs precisa, e por isso apoia a permanência dos “dreamers”. Mas fomentar essa geração a se especializar, como a Ásia sabe fazer, é bem complicado.

O cerne nem é tanto a parte técnica, isso não falta. Mas esse sub emprego, de altas cargas de trabalho, metas de volume inimagináveis e remuneração de subsistência; ou seja, o suficiente pra se manter, mas sem prospecto de aumento progressivo não está no mindset do americano, e por isso vem a importância desses “dreamers” nesta dinâmica, porém estão 10 anos atrasados.

Recriar esse ambiente shenzhen, é um tremendo esforço coletivo e certamente a Apple teria um papel enorme nisso. Esse plano de investir 300 bilhões na economia americana em 5 anos, que já está correndo, não vai ter efeito prático tão cedo.

E a Apple tem uma relação muito próxima com a ditadura chinesa, afinal ela só está lá operando e figurando entre o top 3 na China porque a ditadura lá está sendo permissiva e estima-se que essa permissibilidade tenha um custo de pelo menos 350 bilhões já reinvestidos na indústria local. Não é desconexo o boom das várias empresas de smartphones chinesas. Esse conhecimento, aliado de facilidade em desenvolver e trazer novas tecnologias, veio certamente desse grande aporte que vem sendo feito ano a ano, fortalecendo a indústria local.

O que a China criou na verdade foi a tempestade perfeita, uma cidade inteira e outras que orbitam, dedicadas apenas a produzir ininterruptamente. A otimização de tempo e espaço é tamanha que isso jamais seria aceito em um país democrático e livre, no máximo uma versão light com uma melhor distribuição de empresas seguindo uma cadeia lógica de necessidade, encurtando a distância do transporte dessas matérias primas e componentes finais, até as montadoras. Agora a parte em que quase a cidade inteira gira em torno de uma grande fabrica, esse certamente não passaria, por motivos óbvios.

Ou seja, não é um problema da Apple, mas da indústria, que não se restringe apenas a smartphone. O que só torna pior, já que esse tipo de lógica organizacional precisaria ser praticada em larga escala.

Mesmo que superemos a questão de mão de obra humana, com ajuda de braços robóticos altamente habilidosos (o que está anos de ser viável), ainda teríamos essa questão logística da disposição das fábricas pelo país. Mas em vias práticas, o máximo que ela pode fazer hoje é pipocar entre os países asiáticos.

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Eu não discordo em nada do que você apontou Douglas, mas ainda tenho críticas em manter praticamente toda a produção na China (poderia em partes migrar na ásia em geral), e na mesma região. Outro ponto é que hoje a Apple praticamente depende 100% da TSMC, e algum problema com a fábrica de Taiwan ou iniciar um conflito com a China, praticamente se torna uma empresa sem produtos, sem possibilidade de se reorganizar a curto prazo. Todos dependem de cadeias e unidades na China/Taiwan, mas o tamanho da Apple é desproporcional, e não teria um plano B que não iniciar o mais rápido possível uma transião desse modelo.

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Mas não vejo como necessário tirar toda a produção/montagem de lá, e sim migrar para um modelo de diversificação. Imagine se a situação na China entra em colapso?? Pode se iniciar um remanejamento, mas a um custo gigante, e que deixaria a empresa sem oferta de produtos por meses.

Mas hoje já existem fábricas paralelas, Vietnã, Índia, Indonésia eu não tenho certeza. Talvez a mais promissora seja a da Índia, que já está iniciando a produção de iPhone do ano, no caso a linha 13, e provavelmente a linha 14 entre logo em seguida de lançado. Os AirPods desde sempre eram do Vietnã, depois que passaram a ir pra China pra atender a demanda. Não é que ela não tente, mas poucos locais conseguem absorver 200+ milhões de iPhones no ano e ao mesmo tempo toda uma família de produtos secundários.

A questão da TSMC realmente não tem o que fazer, são os melhores. E já está mais que provado que a divisão de silício da Samsung é pura dor de cabeça. A última vez que a Apple dividiu produção para um chip A, foi a linha A10 do iPhone 7, e a variante Samsung esquentava mais (parece que não mudou muito, os exynos e snapdragons feitos pela Samsung continuam a esquentar mais). Recentemente os modens de 5G da linha 14 serão produzidos pela TSMC, devido a inabilidade da Samsung em lidar com temperatura e eficiência. Fico na dúvida se são os modens da Qualcomm (que divide produção entre TSMC e Samsung) ou se é projeto da Apple referente a algum outro componente RF. Porque as antenas são desenhadas pela Apple. Aliás belo projeto, quando desmontam o iPhone nem dá pra vê-las, de tão pequenas e integradas ao frame. Geralmente o que vemos em outros smartphones mais comumente é aquele retângulo com 3 pontinhos escuros na placa marrom.

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Ao meu ver a questão nem é a fabricação dos componentes o maior problema no momento, é a montagem final do celular, essa poderia ser feita fora da Ásia nesse momento (afinal, se fazemos ela aqui no Brasil não deve ser difícil de fazer em qualquer lugar) e manter grandes estoques de componentes também fora da Ásia, assim mesmo que fiquem sem enviar novos componentes da Ásia a fabrica não para.

Claro que isso significa um aumento de custos, mas sabemos que a Apple trabalha com uma boa margem de lucro e é melhor isso do que ficar sem produzir nada.

o problema é que são décadas de investimento e acumulo de experiencia na produção de tecnologia.

para tirar de lá, mesmo que uma pequena parte (mas tem que ser uma pequena parte significativa) vai levar décadas, muito dinheiro para investir, e muito dinheiro que vão deixar de ganhar por causa do custo de produção ser baixo.

A própria Apple já percebeu que as pessoas dos tigres asiáticos são melhorar para manufatara do que os americanos.

Para sair de lá, só vejo com robótica, não nível atual, mas tem que evoluir bem mais, principalmente para movimentos extramente elaborados e/ou delicados que ainda não são capazes de fazer.

Até penso que se chegasse nesse momento, Brasil poderia tirar uma extrema vantagem disso, nem pouco da tecnologia ou mão de obra especializada, mas ser um país continental com grande capacidade energia renovável, e esse tipo de produção demandara muita energia

Brasil está fora de cogitação. Um país extremamente inseguro, tanto juridicamente quando fisicamente. Péssima infraestrutura pra escoamento de produção, via de regra apenas estrada (esburacadas e novamente sem segurança). E nem chegamos na parte tributária, outro grande empecilho. As próprias regras do PPB são nocivas para a produção nacional, colocando diversas travas evolutivas.

Se olhar bem pro Brasil, a gente ainda não saiu do jardim de infância, com essa guerra de esquerda e direita. Ou seja, uma nação que se quer tem identidade e um plano de desenvolvimento de logo prazo, com metas para serem cumpridas, independente de quem estiver vigente. Não fica difícil imaginar porque qualquer outro pais é mais bem cotado que o nosso.

isso é verdade

porém, não muda da possibilidade e potencial que o país tem, não vai vir de graça, tem que melhorar muita coisa para atrair investimento e tecnologia de fora, do jeito que está agora, para quem é de fora é um risco investir aqui.

não é a toa que as empresas estão indo embora

Sim, é caro e o ganho com escala é formidável!! Só que poderiam trabalhar melhor com as parceiras, e incentivar abertura de plantas em locais distintos, se possível em paises distintos. Claro que os custos escalam, só que dá alguma segurança, coisa que hoje a depender de como evoluir a situação na China, fica sem opções de manobra por meses.

Então, acredito que a melhor forma era buscar com as montadoras a expanção de fábricas em outras localidades, que seja no máximo 3 países, o que já seria uma bela diversificação de segurança, e ainda quando se pode fazer isso de forma planejada.
A TSMC concordo, Samsung vem dando dor de cabeça a muita gente, perdeu a mão no novo processo fabril, e isso não se corrige tão rápido. O que acho ser a melhor forma, é Apple e alguns outros grandes clientes incentivarem a aceleração de plantas da TSMC em outras localidades, já se anunciou projetos, mas nada antes de 2026 pelo menos. Até lá tem chances de Taiwan se tornar um enorme problema.

cai na questão do dinheiro, os países que tem segurança são caros para investir, desde a mão de obra, eletricidade e os custos logísticos.

não é toda empresa que não tem condições financeiras, e as que tem, não tem interesse.

a única que eu vi que quer sair do mercado chinês é a Intel, só que ela esta colocando condição de que precisa ajuda do governo americano para ela poder investir 100 bilhões

e penso que ela vai conseguir

Mas falo diversificar parte da produção, e até para países da região, que tem características parecidas, além de toda a cadeia próxima da região.

mas para os países da região, isso já faz, não somente a Apple, outra empresas de tecnologia ou manufatura já fazem, a produção hoje é diversificada nos países dos tigres asiáticos, e Índia está tentando entrar no meio também

Sim, mas diversificar melhor. As montagem na India por exemplo acaba mal atendendo o mercado local, tem baixa escala.

essas coisas leva tempo para mudar, ainda mais quando se trata de uma empresa como Apple que demanda de milhões de unidades de cada produto que é feito de inúmeros componentes de fornecedores diferentes.

para mudar de país, você tem que mudar toda a logística, e cada nação tem seu próprio sistema portuária, de alfandegas e leis para cumprir.

e não deve ser fácil, já que a manufatura do mundo é toda direcionada aos países dos tigres asiáticos, deste produtos de alta tecnologia a sapatos são tudo fabricado lá, o custo de produção lá se tornou extremamente baixo.

lembrei de uma conversa que tive com um amigo meu no metro a um bom tempo, ele comprou uma capa de smartfone anti queda com led, e já vinha com luzes piscando e baterias.

Ele comprou a 5 reais, neste valor, estava o lucro do cara que vendeu para o meu amigo, o lucro do cara que vendeu para o vendedor, o lucro do importador, os custos do portos daqui, o custo do transporte marítimo internacional, os custos do porto de origem, o lucro do cara que vendeu lá na China, o custo da fabrica de produzir, e por fim, o custo de matéria prima.

eu abri a capa de celular dele, a parte externa é feita de silicone ou plástico mole, tem trẽs pequenas fitas de led, e nove baterias estilo moeda (menor na largura, maior na altura) grudada em trẽs por trẽs por durex com fios até um controlador e as fitas de led. Essa parte da montagem é trabalho humano e não robótico.

Isso tudo por cinco reais.

cinco reais é um valor extramente baixo de um produto que demanda todo esse trabalho e logístico internacional, e certeza são bem poucos países que consigam produzir com os custos baixo deles.

Eu concordo com tudo, por lá se tem a tradição na montagem, que ganha escala e mantém um bom padrão de qualidade. A grande questão é que problemas geopolíticos/sanitários estão ocorrendo, e são sem precedentes. Imagina se a situação na China escala em restrições ainda maiores, e por mais 3 ou 4 meses?? Os custos de uma tentativa de mudança de plantas de última hora, cumulado a falta de produtos pode ser catastrófico e muito mais caro do que ter feito uma distribuição mais controlada.

Infelizmente, esse é o preço que todos vão pagar.

Umas das coisas positivas que a pandemia traz, é repensar o atual modo de vida para poder melhoramos algumas coisas ou refazer outras, a manufatura está em uma delas.

E infelizmente, para nós brasileiros, a pandemia só mostrou que estamos bastante atrasado coletivamente, e para piorar, tivemos um presidente e um congresso ruim em um momento ruim do país

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