Nao poderia deixar de postar
Antes as redes tentavam investir em um conteúdo mais curto: shorts, textos e comentários de tamanho limitado… Só que pra coletar dados, a conta não fecha, quanto mais o usuário compartilhar, mais dados os algoritmos poderão ter, e maior será a lucratividade (porque no fim é esse o propósito de redes sociais centralizadas). Com a febre da IA, precisam de muito conteúdo pra treinar suas próximas “frotas” de LLMs. Só que as pessoas se acostumaram a “cvs s mts plvs”, muitos usuários de redes sociais viraram quase como reencarnações de antigos egípcios que só se comunicavam por hieróglifos (os emojis da antiguidade). Não que isso seja necessariamente ruim, afinal, a linguagem humana sempre passou por reduções tanto na lingua portuguesa (vossa mercê ➝ vosmecê ➝ você ➝ “cê”/“ocê”) quanto noutras (I got to go ➝ gotta go). Mas a linguagem humana, por si só, tem suas várias limitações (exemplo: tente expressar o conceito de algo atemporal, sem usar tempos verbais, ou expressar o conceito de “nada absoluto” sem o uso do verbo “ser”), e as reduções as limitam mais ainda.
Embora o corpo técnico por trás do desenvolvimento e treinamento de IAs, especialmente em big techs, contenha pessoas que vão chegar nessa linha de pensamento acima (psicólogos e linguistas, por exemplo, que se aprofundarão mais na parte humana que na parte matemática dos programadores e engenheiros), a lucratividade cobrada pelos shareholders e stakeholders certamente fala mais alto e, para anunciantes, quanto mais a pessoa expressar suas vontades (não à toa, o placeholder da caixa de texto do Facebook e possivelmente do Instagram é algo como “O que você está pensando?”), mais dados terão pra vender mais.
Nesse sentido, o aumento da quantidade de fotos, bem como o aumento do tamanho de textos que também vem acontecendo ao longo das plataformas (Twitter começou com 144 caracteres se não me engano), é um curso natural das redes sociais, embora as pessoas majoritariamente têm se acostumado com conteúdo curto, no que as plataformas têm um desafio pela frente: conseguir “bater no liquidificador” o conteúdo curto e a maior extração de informações com maiores postagens por parte dos usuários.
(Meu comentário anterior está como excluído porque eu acidentalmente cliquei no botão “responder” enquanto eu ainda estava redigindo o texto, daí apaguei para poder publicar o comentário completo)
As redes sociais deveriam cobrar assinatura de seus usuários… tem gente que abusa da quantidade de conteúdo que compartilha… na maioria das vezes besteira ou jogo do tigrinho.
Definir “besteira” é como tentar definir o que é “conteúdo sensível” ou “desinformação”. Não há uma definição escrita na rocha. Por exemplo, “conteúdo sensível” pode muito bem ser uma imagem de um plástico-bolha na perspectiva de quem tem tripofobia. Falar sobre espíritos e entidades pode ser considerada uma “desinformação” na perspectiva científica. De forma similar, uma postagem refletindo sobre o absurdo da vida (filosofia absurdista), ou uma diferenciando entre fenômeno (o que é percebido) e númeno (o que independe da percepção), pode ser “besteira” na perspectiva de pessoas que querem saber o placar do Brasileirão. Percebe, há uma grande subjetividade no que tange classificar conteúdos.