Grupo religioso pede para Netflix cancelar Good Omens da Amazon

Vou assistir, se tem crente reclamando deve ser boa.

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Embora o que eu vou falar a seguir seja bastante off-topic para um fórum de tecnologia, e a notícia é antiga (Dezembro de 2023), tal resposta é referente ao exposto na matéria, de forma a complementar algo que precisa ser complementado.

As religiões abraâmicas adoram falar da figura masculina “Senhor” (que, curiosamente, vem de “Baal”), mas esquecem de todo um passado que levou à formação dessas mesmas religiões abraâmicas, que envolvia os pólos masculino e feminino (principalmente o feminino, a Deusa). As primeiras formas de religiosidade cultuavam a figura da Deusa, antes mesmo da invenção da escrita. Um exemplo são as Estatuetas de Vênus, os altares para culto à Kalika (a Deusa Cáli do Hinduísmo) e o Löwenmensch que até hoje os arqueólogos debatem se era uma figura masculina ou feminina.

Posteriormente emergiu Asherah, a “Rainha dos Céus”, representada como sendo a consorte de El, que depois foi associado com Yahweh pelos hebreus. Era comum, na época, que se cultuasse ambas as figuras Asherah e Yahweh. No pré-islamismo, também surgia a figura de Al-Lat (Allatu), consorte de Allah.

A figura divina feminina então começou a ser “demonizada” em prol de figuras masculinas, na ascensão de um patriarcado. Surge então a demonização e subjulgação pelas religiões abraâmicas de divindades femininas, incluindo Lilith: Lilitu, que antes era a temida e cultuada Deusa das Tempestades pelo panteão Sumério, passou a figurar como um espírito noturno “profano” que “leva os homens a pecarem” e faz “maldades” que nem dá pra escrever aqui. Cáli, adorada como Deusa da transformação, passou a figurar como “a horrível” Deusa da “destruição” e da “imoralidade”.

Só que o milênio virou, o Novo Aeon se materializa, o patriarcado está perdendo força e a Deusa está sendo redescoberta, inclusive por homens, que estão voltando a ressintonizar suas energias femininas. A Deusa está voltando a ser encontrada e cultuada. Lilith, Nuit, Babalon, Cáli, Hékate, são alguns dos vários nomes e arquétipos da Grande Deusa Mãe. É inevitável, as religiões abraâmicas sabem disso, mas querem manter a figura feminina como submissa e/ou essencialmente demoníaca. Não mais.