Acho que estão querendo colocar uns backdoor no Chrome e o google está complicando a vida do governo americano, ai vieram com essa solução de obrigar a venda do navegador por monopólio.
Essa decisão nem faz sentido, mas o time de governantes dos EUA já mostrou que não entende muito de tecnologia quando um dos principais representantes perguntou pro Mark Zuckerberg como o Facebook ganha dinheiro.
“Fazer sentido” e “governo norte-americano” na mesma frase, só se for uma piada.
E eu quero mais é que aquilo lá afunde bonito, quem sabe eles entendam que não são o umbigo do mundo.
Talvez seja uma comparação anacrônica, porque na época do Internet Explorer (principalmente o IE7 e IE8), ainda não havia o conceito de Webapps, SPAs, essas modernidades que permitem até ferramentas de CAD funcionarem direta e nativamente dentro de um navegador.
A Microsoft tentava emplacar o Bing/Live Search/MSN.com, mas o Google já tinha um grande acervo de indexação comparado ao buscador da Microsoft e demais buscadores, então mesmo que o IE viesse com o Bing como buscador padrão, rapidamente o Google tomava seu lugar.
Também há o fato de que, nessa época, múltiplos browser engines co-existiam. Os padrões da Web ainda não eram tão multifacetados (como é hoje com recursos como WASM, Web Bluetooth, WebUSB, WebSerial, WebGL, etc), então era mais “fácil” desenvolver um motor, e por isso se via muito site “esse site é melhor visualizado com Internet Explorer” ou “esse site é melhor visualizado com Firefox”.
Hoje, basicamente temos Chromium (que é da Google) e Gecko/Firefox (que é da Mozilla, que é financiada em boa parte pela Google), e praticamente todos os navegadores “alternativos” (como Vivaldi, Opera, Brave, Librewolf, Waterfox) são forks destes, com raríssimas exceções (Links, w3m, Konqueror, GNU Icecat, PaleMoon, que têm motores antigos/mais simples, além do WebKit/Safari que é praticamente restrito ao jardim da maçã com exceção de versões antigas do WebKit).
Ainda quando da época do IE, antes do Chrome passar a liderar como browser, a Internet estava meio que contida e restrita àquela máquina no canto da sala/quarto, ou no escritório da empresa. seus dispositivos de bolso eram um Symbian, ou no máximo uma versão antiga do Android/iOS. Nesse sentido, há outros fatores também, como a pandemia do COVID-19 ter definitivamente tornado onipresente a Web (mais até que antes de 2020, embora isso seja mais uma percepção subjetiva minha do que fato), o aumento do comodismo das pessoas (também uma percepção subjetiva minha) que faz com que a instalação de um browser alternativo no Android seja ação de poucos usuários (a maioria “deixa” o Chrome, ou talvez nem sabem que é possível ter outro browser que não o Chrome).
Dito tudo isso, o Chrome (e por extensão Android) hoje é(são) em boa parte, sim, um carro-chefe para manutenção do domínio e monopólio do buscador da Google, algo que a Google conseguiu e que a Microsoft não conseguiu. Lógico, há outros combustíveis para esse monopólio (como Mozilla recebendo dinheiro da Google pra mantê-los como buscador padrão ao invés de Bing ou outros), mas visto que o Chrome é o browser padrão em Android, que detém a maior parte do mercado mobile, e o buscador no Android é o Google em todos os aspectos (desde a launcher ao browser e ao “Ok Google Gemini”), ao meu ver faz sentido podar um pouco essa árvore daninha chamada Google e decentralizar mais a Web.
(Continuação tanto da minha resposta anterior quanto uma resposta à matéria)
…daí chega um ponto que um serviço/empresa cresce tanto que o argumento anarcocapitalista do “seja a mudança que você deseja/faça seu próprio pra virar competição” torna-se mais e mais impossível de ser praticado. Quem é capaz, hoje, de competir com a Google, em poderio da Web? Somente outras big techs, e olhe lá.
Chega um ponto onde até mesmo os demais pilares de poder começam a ser abalados. Sim, porque até os Estados acabam por serem ameaçados pelo unchecked power de empresas como Google. Não, nenhum deles é “bonzinho”: nem Estados (muito menos o Estadundense), menos ainda as corporações, mas hoje os Estados (na figura do Poder Judiciário e/ou Poder Legislativo) são os únicos com algum poder sobre tais corporações, e que conseguiriam “mantê-los” em suas “rédeas”, tendo as ferramentas capazes de podar suas asinhas quando estas crescem demais (enquanto as corporações também tem as ferramentas capazes de podar as asinhas do Estado quando crescem demais).
Ambos têm os seus interesses excusos? Lógico que têm, todos têm, é inerente ao ser humano e seu tédio existencial causado pela ausência de predadores naturais (vide a filosofia de Thomas Hobbes). E não pensemos que os Estados estão brigando com as corporações e vice-versa, pois no fundo um depende do outro, mas é melhor alguma impressão (ainda que ilusória) de decentralização do que nenhuma.
Você escreveu textão e não justificou coisa nenhuma.
Nos EUA, Android divide usuários em quase meio a meio com iOS e 99,999% dos usuários iPhone (estatística tirada de todo mundo que conheço que tem iPhone) não instala outro navegador em seus smartphones. Logo, Chrome para Android não é monopólio. Android sequer chega a ser monopólio.
Aqui mesmo no Brasil, em sites que administro, é comum o Safari em seus vários sabores (mobile e desktop) comer de 30% a 40% da fatia dos navegadores usados. Portanto, Chrome não é monopólio.
A alegação é de monopólio no sistema de buscas e isso nada tem a ver com as pessoas usarem Chrome, pois até quem usa Safari e Firefox usa o Google como mecanismo de busca.
O Google não é mecanismo de busca padrão por causa do Chrome e isso é um FATO.
Fato é que sempre houveram outros mecanismos de busca, mesmo antes do Chrome existir e nada tem a ver com as tecnologias atuais vs as tecnologias antigas; e o Google sempre foi monopólio nesse quesito. Portanto, não foi o Chrome quem deu o monopólio ao Google.
A Microsoft detinha monopólio de SO em desktops com o Windows (e ainda mantém a maior fatia da pizza) e distribuía o IE, empurrado goela abaixo sem possibilidade de desinstalação, junto com o Windows e a justiça estadunidense nunca a condenou a vender o IE.
Até porque nem existe outro motor que não seja o do Safari para browsers no iOS. Até o “Edge” e “Chrome” no iOS são, nos bastidores, um Safari com outra skin. Aí é onde entra a decisão de países e blocos econômicos quanto ao sideloading.
No Android ainda é possível realmente instalar outros engines como Gecko (via, por exemplo, Firefox do Google Play, ou até mesmo Fennec por sideloading do F-Droid/Obtanium).
Mas qual o buscador padrão do Safari, no iOS/Mac OS? Se não me falha a memória, é Google, porque a Google subsidia a Apple nesse sentido, similarmente ao que acontece com a Mozilla e seu Firefox.
Não é o que dizem as estatísticas. Chrome (66.3%) + Chromium Edge (5.33%) + Samsung Internet (se não me engano Chromium também) (2.3%) + Chromium Opera (2.09%) somam 76.02%. Safari tem “apenas” 17.99% de market share, enquanto o Firefox fica com 2.62%. Chromium (que também é da Google juntamente com o Chrome), portanto, domina a Web.
Desses navegadores, apenas o Edge distoa em não ter o Google como buscador padrão. A maioria dos demais, de fábrica, vêm com o Google como buscador padrão.
De fato não é o único motivo (de o Google ter o monopólio como buscador), mas não deixa de ser um dos motivos, principalmente quando o Chrome, sozinho, é usado por 2 em cada 3 internautas (66%).
Sim, como o Cadê (mas “Cadê o Cadê”? rs) e Yahoo, que tinha parceria com a Google antes de decidirem seguir outro caminho (inicialmente um próprio e depois o Bing, que usam até hoje). O Google construiu seu domínio através da detenção da propriedade intelectual do PageRank (que sem dúvidas é eficiente em indexar resultados na Web) e depois, com o Android e Chrome, passou a ter tentáculos adicionais para manutenção desse domínio.
Em partes concordo contigo, e concordo que é hipocrisia dos estados/blocos econômicos em não ter feito isso com a Microsoft com a mesma força que estão fazendo com a Google. Só que já tentaram sim, várias… vezes, atuar contra o monopólio do IE e de outros produtos Microsoft (como Windows).
Condenou sim (a dividir a MS em uma unidade de SOs e uma para outros aplicativos), mas conseguiram apelar (em parte por que o juiz do caso era um matraca e falou com a imprensa quando não devia).
Exato! Quando o Bing foi lançado eu ainda era um jovem nerdola que jogava Priston Tale e usava Firefox (depois Opera) com Google. Quando o Bing chegou o Google já era o Google há anos, o IE já não era unânime. Lembro que só minha mãe usava, talvez meus tios, sei lá.
Meu pai talvez usasse o IE no trabalho (era funcionário público na época), mas aí não sei o quão evoluído estava a PRF nos anos 2000. Vai que alguns dos serviços usados só funcionassem no IE. 0 saudades dessa época do “use o navegador X para rodar a ferramenta”