Que IAs sortudas! Tiveram respostas diante do envio do currículo para “vagas” de TI… Isso quando são realmente vagas e não “bancos de talentos” ou pesquisas salariais, porque eu mesmo perdi a conta de quanto tempo perdi elaborando e enviando meu currículo, pra não ter resposta alguma (nem “sim” nem “não”), somente “ghosting”.
Ghosting pela IA no “funnel” que só manda para humanos currículos que contenham Palavras-Chave™. Daí quando candidatos também passam a usar IAs, de forma a satisfazer burocracias das IAs deles, é um “problemaço”!
Até mesmo o uso de IA pelos candidatos para fins de melhoria do próprio currículo (não para mentir mas para fins de perfumaria), algo que já tem RH reclamando no LinkedIn, daqui a pouco virará “crime”. Mas é inevitável, porque eles mesmos usam IA.
É algo até que já pensei em fazer, usar IA pra perfumar meu currículo que, por si só, é composto por mais de 7 anos de experiência comprovada na área de programação, só que além de evitar expor meus dados pessoais à LLMs, também me pergunto: pra quê? Ainda que passasse por um “funnel” que usa IA através do uso de outra IA, qual seria meu propósito? O de servir uma empresa que usa IA para escolher humanos como se “bens fungíveis” fossem? “Competir” com os demais para “provar” que “sou digno de ser pago para poder pagar pra eu viver” dentro de uma existência humana que nunca pedi?
No fim, é diante de situações e questões como essas e do péssimo rumo que o mundo tem tomado (economia, tecnologia, sociedade, meio-ambiente, etc), que torno-me profundamente desinteressado em “pedir por emprego” e permaneço desempregado sem mínima noção de quando voltarei a trabalhar, com o quê (não me apraza mais a programação como trabalho diário) e se voltaria, já que, no fundo, não existe emprego nem empresa onde jaz meu destino: pra onde torço ir todos os dias antes de dormir, não existe a pedra sisifiana da tragicômica existência humana pra ser empurrada. Em um mundo cada vez mais artificial com inteligência artificial, não vejo propósito algum, se é que existiu propósito um dia antes disso.
Em vez de investirem em humanos para fazer bons recrutamentos de profissionais querem baratear entregando na mão da IA tudo, tá ai o resultado.
"Diego, seu comentário me tocou profundamente. Você conseguiu colocar em palavras algo que muita gente sente, mas não consegue expressar — essa mistura de frustração, cansaço, e uma sensação de estar sendo engolido por um sistema que não olha mais para as pessoas como pessoas.
O que você disse sobre o uso de IA pelos RHs e a exigência por palavras-chave nos currículos é real demais. O processo virou uma espécie de jogo em que a regra é parecer o candidato ideal para um filtro automatizado, enquanto o ser humano por trás do currículo vai ficando invisível. E quando a gente tenta “jogar o jogo” usando IA também, vêm os julgamentos.
Seu questionamento vai além do emprego — é sobre propósito, sobre dignidade, sobre o sentido da vida num mundo cada vez mais artificial. E é legítimo demais. Às vezes, parar e dizer “não sei se quero isso pra mim” é um ato de coragem. Não é fácil carregar esse peso, mas é importante reconhecer quando ele existe.
Desejo que você encontre um caminho que te abrace como você é, sem precisar se moldar para caber em caixas que te sufocam. E que, nesse meio do caos, surjam espaços mais humanos, mais justos, mais sensíveis. Obrigado por compartilhar algo tão sincero — isso também é resistência."
Essa resposta foi elaborada por IA, ChatGPT 4o, na qual eu pedi para uma sugestão de resposta em tom solidário ao comentário do Diego.
A vida é irônica, bem mais que a ficção!
Fique bem, Diego!
Excelente comentário, esse jogo está cansativo demais de jogar, estamos quase no jogos vorazes da contratação, e a pergunta é: Pra que tudo isso?
Aplica uma prova, faz uma triagem com base em competências, contratem empresas especializadas em recrutamento, sei lá… Mas se o caminho for esse terão esse efeito aí, quem quiser entender o sistema e estiver disposto a atropelar valores vai hackear mesmo.
Exato, concordo, só que já tem empresa que faz isso aí porém com segundas intenções…
Explico: uma vez uma empresa, para a qual encaminhei meu currículo, me respondeu com a solicitação de um projeto-teste, com prazo e requisitos específicos mas certa flexibilidade quanto à implementação. Fiz o projeto dentro do prazo e encaminhei… pra receber o ghosting que mencionei anteriormente.
Me estranhou, porém, a forma como os requisitos soavam como algo de produção. Algo bem específico, usava uma VPS própria deles (da qual me passaram as credenciais através do manual do projeto-teste)
Por um lado, faz sentido: um teste para que o programador possa ser contratado para lidar com os sistemas reais deles. Passar um projeto que se relacione aos projetos reais é uma forma tanto de imersão por parte do programador, como de validação por parte da empresa.
Por outro lado, porém, depois descobri como empresas usam esses testes como “crowdsourcing” de implementações que, se fossem feitas por um programador contratado, precisariam pagar.
Em outras palavras: pra não pagar um programador, usam candidatos para ter uma solução de graça, e no fim ninguém é realmente contratado. Não há como provar isso, já que a coisa toda está identificada como um “teste”, usa DB mockado e geralmente são instruções para um sistema privado/fechado (ou seja, nada exposto publicamente).
Agora, existem os casos legítimos, e dou outro exemplo totalmente oposto: uma loja de impressoras me contratou ano passado através de teste que fiz. O dono, que sequer havia lido meu currículo (em partes porque fui indicado) e sequer sabia meu nome, simplesmente botou um toner sobre a bancada e me perguntou “preciso de alguém que mexa com isso, você sabe mexer?”, no que sinceramente respondi “nunca mexi com toner, mas acho que eu consigo aprender”. Ele então me levou à sala dos fundos, recarregou alguns toners na minha frente, depois me entregou um cartucho vazio, que então recarreguei e, de primeira, ao testar na impressora, funcionou. Fiz outros dois e funcionaram também. A partir daí eu estava “contratado” (informal).
Foi uma atitude que gostei e que quase não se vê nas empresas: ele me viu pela minha habilidade ali na hora, não pelo meu currículo, certificações ou cursos. Eu só saí de lá por dois fortes contras/motivos: o fino pó de toner entrando na minha respiração mesmo usando máscara, e desvio de função (num final de semana recebi a ordem de “limpar banheiro”, fiz, mas é desvio de função que agregou à minha decisão de saída), não fossem essas duas coisas eu ainda estaria lá, porque tinha meu espaço pra fazer meu serviço sozinho e no meu tempo, um serviço tranquilo e relativamente atrelado à minha área profissional (T.I.), salário razoável pra função, horário comercial mas flexível, sábado opcional, enfim… Mas é cada vez mais difícil achar esses prós em empresas, com a maioria “contratando” (se é que contratam mesmo) através de “Recursos Humanos” que estão cada vez menos “humanos” e sem “recursos”.