Eu era “dimenor” quando soube que a vizinha tinha instalado um telefone da extinta TELERJ, após pagar um consórcio em três anos por aquela linha. Com o passar dos anos, caiu a TELERJ e surgiu a TELEMAR. Lembro de ter ido na loja deles num shopping perto de casa e comprei por 50 reais a habilitação da linha. Para um pobre, isso era insanamente disruptivo.
Passei pela Internet discada com fax modem a 56kb e na empresa, já trabalhando, vi um modem operando a 128kb e achava o máximo. Daí veio o Velox 150, 300 e 600kb. 1mb, 5mb 10mb… 15mb (pelo menos na minha região só ia até aí). Depois veio a GVT com seus planos mirabolantes 25 5mb. Entrei num gap tecnológico preso em 15mb até que a fibra se tornou tão popular que até a milícia no RJ, essa sucursal do inferno, vende o serviço em velocidades que podem ir até 1gb.
É estranho ver a história se desenrolando e testemunhar o início grandioso e o fim melancólico da Oi TELEMAR. Passei raiva com eles, mas é inegável que, fosse pela TELERJ, estaríamos todos tentando interpretar sinais de fumaça até o dia hoje.
Na prática a Oi simplesmente já abriu mão de manter a telefonia fixa em várias cidades pequenas. Aqui ela já desligou dos povoados (zona rural) faz anos, clientes simplesmente perderam o fixo, sem sequer existir alternativa, as localidades não têm nem telefonia celular. Na sede do município ela manteve pra Anatel não dizer que parou, mas não funciona, não completa chamadas, suporte não resolve, força o usuário a desistir. Os orelhões já não funcionavam desde bem antes da RJ.
Eles deveriam buscar uma flexibilização da oferta, vender o número fixo atrelado a um serviço VoIP que funcione com qualquer operadora de internet, resistimos muito em nos desfazer do número que tínhamos, tinha um valor emocional, mesmo quase não usado. Mas hoje ainda ficou a lacuna para empresas, órgãos públicos (acreditem, a prefeitura daqui até desistiu do fixo por nunca funcionar), que a conversão para VoIP manteria o número, até pros povoados que ficaram sem telefonia, hoje todos possuem internet fibra ótica.
Enfim, sem tantas amarras da concessão, mercado pode existir ainda para a Oi, mas não sei se vai sair ainda nada de bom dela.
O problema da Oi não foi a concessão, foi a acomodação. Uma vez um amigo que trabalhou na Oi relatou que a empresa não investia mais porque o serviço de telefonia fixa sempre rendia muita grana pra empresa. Junto isso a falta de concorrência, quem queria ter internet banda larga teria que ser com a Oi, e junto assinar seu telefone fixo.
Aí veio a expansão e popularização da GVT, junto com a expansão da finada Net, oferecendo o mesmo duo de serviços telefone+Internet com mais velocidade e preços mais baixos. A Oi, que já não investia em tecnologia de internet banda larga, continuou operando seus miséros 15 Mbps (em raras localidades, aliás, pois a grande maioria só era servido até 10 Mbps) e o telefone fixo já tinha caído em desuso, era um serviço que ninguém mais queria assinar e era literalmente empurrado pelas operadoras.
Quando finalmente chegou a fibra, chegou tarde. E enfrentando agora não só a concorrência das grandes Vivo ex-GVT e Claro ex-NET, agora também enfrentando a grande concorrência das operadoras regionais.
Eu não lamento o fim melancólico da Oi porque jamais foi uma boa empresa. Graças a sua força de mercado passamos anos sem avanço na banda larga no Brasil.
De fato os termos da concessão hoje já não faz mais sentido, mas não vai ser esse fim que vai salvar a empresa. Só vai manter os aparelhos ligados por mais alguns meses antes de fecharem de vez as portas desse inferno.
Boa, venderam 99% a empresa pra pagar os credores e ainda têm uma dívida bilionária. Antes era uma empresa nacional gigante do ramo de telefonia móvel e fixa, TV por assinatura e Internet, que herdou várias estruturas estatais. Hoje não sobrou nada, só essas soluções do mercado corporativo, que convenhamos, não vai durar muito até sumir completamente e virar lenda. Deve ter sido a pior gestão da história de uma grande empresa brasileira, pois literalmente pagaram (e bastante) para o BTG ficar com os ativos dela. A parte boa é que acabando essa concessão de telefonia fixa (que ela só vai fingir que cumpre e quem vai fazer os investimentos é o btg), a Oi vai parar de ser notícia em tudo que é lugar, pq não vai mais ser empresa de telecomunicação, internet, nem de absolutamente nada que mereça atenção. Aí todo mundo pode esquecer da existência dela de uma vez por todas.
E os trambiques.
Desde o leilão de 98 tem treta envolvendo a empresa, o ministro das comunicações da época chamou o consórcio Telemar de “Telegangue”, até por que eles não tinham dinheiro pra pagar a segunda parcela da compra. A Brasil Telecom também teve das suas tretas, antes de ser comprada pela Oi.
O negócio com os portugueses foi só a pá de cal.
Trabalhei muito tempo prestando serviços pra Oi (entre o final dos anos 90 e início dos 2000).
Naquela época, tinha uma equipe de redes e engenharia geral muito boa.
Mas era uma bagunça.
Lembro que fiz um trabalho de levantamento de ativos imobiliários da empresa no Brasil todo - muitos imóveis que a empresa sequer tinha conhecimento, abandonados, um patrimônio enorme jogado às traças. Resquícios dos tempos de estatal, quando ainda era Telemig, Telerj e outras teles Nordeste e Norte afora.
Falando desse trabalho, fazia os levantamentos no Palm (modelo Palm Zire) e mandava remotamente pro escritório pra equipe interna trabalhar e entregar. Hoje isso seria normal, mas naquela época foi uma iniciativa grande pra nós, usar um Palm, ainda com Internet discada pra conectar.
Se a Oi não sabe, imagina a Anatel
Podiam ter obrigado a Oi a liberar VoIP aos clientes que ainda tem telefone fixo dela, a solução de usar a rede de celular de terceiros para esse fim é horrível.
Eles até fazem isso pra PJ.
Mas pareciam uma gangue, mesmo. Eu lembro que pintavam e bordavam nos valores das contas telefônicas e não estavam nem aí, o que gerou uma péssima imagem para a empresa e para o serviço de telefonia fixa prestado. A marca Telemar ficou tão queimada que mudaram pra Oi. Na época citaram a “convergência de serviços”, mas ela já existia entre as marcas, além de que o próprio Eduardo Falco à época afirmou que a mudança ocorreu devido a uma pesquisa de opinião.
A OI deveria ter sumido do mercado a anos, apareceu só para oferecer vantagens que não cumpriram, inclusivo o “bobo” aqui caiu nessa! Quando ligava para resolver, vinha outra paulada pior, tive que abandonar, só queriam me lascar, mas fiz o certo abandoná-la, todo dia aparecia devendo que nunca existiram, que maravilha que vão sumir do mapa, adius e se vá…, …