Curioso notar como há três tópicos diferentes atualmente em alta no Tecnoblog com essa mesma palavrinha: “anúncios”, pois três empresas multibilionárias diferentes (Google, Amazon e Microsoft, respectivamente) estão enshittificando simultaneamente na mesma semana.
E ainda é possível encontrar gente apoiando isso (essa enshittificação, com “argumentos” como “ah mas as coisas custam dinheiro”, “ah mas a empresa multibilionária tem despesas, tadinhos dos acionistas”, “ah mas você aceitou os termos então não pode reclamar”, “ah mas você está pagando um valor baixo, se quiser algo melhor pague mais”, “ah mas é só não usar”, entre outros). Felizmente, parece (seria eu otimista ao dizer isso?) que a proporção entre defensores de anúncios irrestritos vs. seus críticos têm mudado a medida que os anúncios se tornam cada vez mais invasivos, irritantes e inevitáveis nas vidas das pessoas, fazendo parecer com que o Fifteen Million Merits seja uma tamanha falta de criatividade ante a realidade distópica da atualidade.
Às vezes fico me perguntando qual a efetividade de anúncios. Sério: quão efetivos são?! Qual a proporção de pessoas que vão assistir um filme/seriado na Amazon Prime, um vídeo no Youtube, ou vão escrever seu TCC no Office, olham pra propaganda e pensam “Taí, vou comprar/contratar esse produto/serviço do anúncio”. Em termos mais técnicos, qual a “taxa de conversão” entre viewers de uma peça publicitária e novos clientes, principalmente quando essas peças publicitárias usam de táticas extremamente invasivas e perseguindo seus viewers em todo canto?
Ainda assim esse tal “mercado” de plataformas de anúncios (como Google AdWords) nunca fez tanto dinheiro em toda a história da humanidade. Pelo menos é o que parece, já que estão inventando de tudo para tornar os anúncios ainda mais onipresentes. Sabe o que parece? Igual o que está acontecendo com a IA: empresas desesperadamente enfiando o queridinho atual dos acionistas em tudo, goela abaixo dos usuários/clientes. Uma bolha econômica, sim? Uma bolha econômica que quando estourar vai melecar toda a economia global e fazer a Grande Depressão parecer apenas um resfriado de inverno…