A bancarização chegou, mas a digitalização continua atrasada

Excelente reportagem, retratando um lado que não se costuma pensar quando da adoção massiva e rápida das novas tecnologias, deixando no limbo pessoas que não são capazes de se adaptar rapidamente. Entretanto, gostaria de ressaltar o seguinte ponto:
A situação da senhora Maria, entrevistada, é triste, mas nada tem a ver com os bancos digitais ou os novos sistemas de pagamentos. Infelizmente, no ciclo da vida, ao envelhecermos perdemos a capacidade de independência que detínhamos enquanto adultos ativos e saudáveis. Coisas que fazíamos corriqueiramente não são mais possíveis, como a própria senhora Maria disse, por não ter mais acuidade visual e auditiva, força muscular, capacidade de raciocínio e compreensão, ou às vezes até mesmo força de vontade. Não é justo implicar às novas tecnologias quaisquer dificuldades que os idosos tenham que sejam inerentes à sua senioridade. Assim como as crianças, que necessitam dos pais, tutores ou curadores para tomar decisões e ações por elas em relação a quase tudo na vida, os idosos se encontram na mesma posição. Por mais que seja triste, faz parte da vida.

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Rapaz,

Excelente matéria!

Lembro que na casa dos meu pais, eu apresentei o mundo da internet e sem filas pra eles. Hoje já não entram em fila nem pra comprar pão.

E sou da opinião de que a pessoa só aprende pelo que se interessa, independente da idade, com algumas exceções. Vide os idosos que ainda pegam táxi: Pagam caro pra pegar carro com cheiro de cigarro.

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concordo com você, a maioria das pessoas não usam a tecnologia não por ter alguma deficiência que impeça de usar ou por não ter dinheiro pra comprar equipamentos e pagar internet mas sim por que não querem aprender a usar

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Aqui em casa e com outros familiares, consegui digitalizalos com muito acompanhamento. Sempre que usei as contas bancarias deles ou fiz alguma processo totalmente digital estive ao lado deles com notebook ou celular mostrando tudo oque fazia. Mas percebo uma má vontade de muitos jovens em fazer o basico de ensinar aos seus parentes, aqui na rua ja ajudei diversos vizinhos a inclusive jogar na mega sena pelo site

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A maior barreira, nesse caso, são os aplicativos da caixa. Um dos piores que já tive que usar.

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É até interessante pensar em como algo como um leitor de tela poderia ajudar no caso da dona Maria.

Mas existem vários entraves, desde como ensinar o uso dessas ferramentas até mesmo a adaptação de muitos apps essenciais (muito app de banco está longe de ser acessível)

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Eu nem acho q o entrave é a tecnologia.
Sim, há pessoas q não mexem em computador, tablet, smartphone.
Mas o principal fator pra mim é que tem muita gente q sequer tem um smartphone, muito menos uma conexão com a Internet. Já rodei regiões do país q nem telefonia tinha direito e as pessoas dependiam dos serviços públicos e privados locais - Correios, bancos, lotéricas.
A bancarização digital é realidade nas grandes cidades. Mas o Brasil tem muitos lugares reféns da falta de infraestrutura e do poder econômico para adquirir os equipamentos necessários para o uso digital.

Isso é verdade. Minha sogra já tem uma repulsa natural a algumas coisas tecnológicas (apesar de estar se convertendo pouco a pouco às facilidades).

Mas esse aplicativo da Caixa é uma bomba muito mal feita: totalmente anti-intuitivo, usabilidade porca, leitor de código de barras que não funciona (imagina uma idosa pagando uma conta e tendo que digitar tudo? Continuará preferindo ir 1000x a uma lotérica correndo o risco de se infectar).

Entretanto, ela mesma se surpreende quando precisa se deslocar a algum canto e paga uma fortuna de táxi, mas vê o tanto que é mais barato pagar um Uber ou 99 pro mesmo destino.

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Tenho pena dessas pessoas, pois todos passaremos pela obsolescência do nosso entendimento sobre como o mundo funciona. Imagina ser apresentado de forma abrupta a um mundo novo, desconhecido, quando você sequer saber e escrever, ou, como no exemplo citado, não enxerga direito.

Pra piorar, uma coisa que observo muito é, quando o idoso tem família, filhos, ou netos não têm paciência em explicar com calma como aquilo funciona, deixando o idoso ainda mais estressado e relutante em adotar o conceito.

O Brasil dificulta ainda mais, já que nossa Internet está sempre nos piores rankings mundiais. Além do serviço ser ruim por natureza, aw você pegar o estado do Rio como exemplo, verá que, furto ou cortes de cabos telefonia e Internet ocorrem quase que na totalidade do estado. Quando a operadora vai realizar o reparo, os bandidos (milícia ou tráfico) impedem a entrada dos técnicos. Ocorre, inclusive, sequestro das torres celulares. A milícia invade e desliga os equipamentos, exigindo resgate de 30 mil ou mais para a empresa continuar atuando.

Nestas áreas é comum a existência da Internet das milícias, que são terrivelmente ruins. E caso a polícia estoure as centrais, você ficará sem Internet nenhuma.

Imagina uma pessoa que já tem dificuldades ter ainda que lidar com tudo isso…

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Não descartando o que já falaram acima, pois até digo que concordo, mas digo também a respeito do interesse da pessoa.
Já foram tantas vezes que incentivei pessoas à meios digitais de fazer algo, mas o receio, medo ou até uma inexplicável repulsa as impedia de ceder.
Convivo diariamente com pessoas com dificuldades com o meio digital. Semana passada que baixei o App do banco para a minha tia, pois ia pessoalmente no caixa mesmo que só pra ver o extrato.
Com a idade, parece que perde-se o interesse de aprender, ser explorador. Falo isso por experiência própria, não algo provado cientificamente.

Uma coisa que não queria deixar de comentar é que não culpo ninguém pelo Auxílio/Caixa, os apps são terríveis até para mim que costumo ter facilidade.
Esses apps relacionados à Caixa são terríveis.

No entanto, bancos privados (incluindo fintechs) também não costumam ajudar na inclusão digital, alguns procedimentos são complicados para novos usuários e o FAQ (que às vezes são até difíceis de acessar) também não ajuda muito.

Engraçado que até hoje lembro do meu tio falando muitos anos atrás pro meu pai que ele poderia pagar as contas sem sair de casa, pelo app do banco. Foi algo tão wow (pra mim e pra ele).

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Primeiramente, excelente artigo! Parabéns

No meu caso, tenho um exemplo em casa. Minha mãe consegue usar apenas duas ferramentas no celular: Facebook e WhatsApp. Até outro dia tomei um “susto” por ela ter uma conta no Nubank, que provavelmente alguma outra pessoa criou para recebimentos de doações para o trabalho que ela faz com animais de rua. Mas ela ñ sabe todo o potencial de uso da sua conta.

A população que ñ cresceu com tecnologia, terá dificuldade e receio quando se trata em lidar com o dinheiro virtualmente.

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